quarta-feira, setembro 14, 2005

Para o Álvaro!


É extraordinário! Fantástico! Incrível! Quando pensamos que temos a vida descortinada, quando julgamos poder dizer, à boca cheia, "been there, done that", eis que a vida ergue sua pesada mão e nos dá uma estalada em cheio nos dentes. A estalada pode, de início, doer. Ou doer mais tarde. Mas custa a aperceber que a apanhámos ou, mais ainda, custa a compreender realmente a totalidade dolorosa do seu significado. Não se preocupem, porém. Nada de grave aconteceu. Este não é um desabafo deprimido pelo peso dos 30 (continuo firme nas crenças afirmadas no post anterior...num dos, pelo menos)! O meu coração continua no lugar e o juízo permanece estavelmente em parte incerta. Falo apenas daquelas curiosidadezinhas existenciais. Falo daquilo que surge quando realmente paramos para pensar um pouco.
É muito complicado parar, hoje em dia. Sofremos de sobrecarga dos sentidos, de excesso de informação, de globalização galopante. Custa a crer que os dias de tranquilidade acabaram, que a criança que antes jogava apanhada com os amigos estava agora a fugir de outras ameaças, de alguns medos, de duas ou três responsabilidades. Recuso-me a aceitar, no entanto, que com o crescimento obrigatório e querido que sofremos resulte a morte dessa criança que em nós ainda temos (pelo menos alguns de nós, conheço casos de pessoas que nunca foram crianças e de outras que nunca o deixaram de ser)! Não quero deixar que tal aconteça, como não quero permanecer Peter Pan. Às vezes é difícil estabelecer as balizas que demarcam as fases de que vos falo. A memória, que não a nostalgia, surge aqui como algo de positivo, de refrescante, algo que nos ajuda a não desmoralizar quando se julga que a vida é demasiado difícil. Ela nem é assim tão complicada. Vem em embalagens diferentes, muitas vezes com instruções ambíguas e estranhas ao montar. Persistimos em alimentar a nossa existência de complicações. Pensamos de mais. Somos genialmente circulares e limitados. Mas tão saborosos por vezes...

3 comentários:

Anónimo disse...

oh pá, Délio, caramba, não te sabia tão filosófico :) Põe-te com essas conversas com o Álvaro que ele manda-te a sopa toda para cima (ou então dá-te uma coça naquilo que sabemos eheheh) um abraço para ti

Ventilan

Anónimo disse...

"Não quero permanecer Peter Pan". Ora, pois, gostei de ler. :)
Beijinhos

Anónimo disse...

só para dizer que adoro as matinés!!
o sérgio suspiro estava do melhor, tal como o novo look do zé das misturas.
sentiu-se, no entanto, a falta de aprumo vestimental do puto ketchup, e a falta do ventilan.
nada que abalasse a multidão que dançava delirante. :)
espero poder ir a mais.
beijos a todos, e durmam à noite, para dançar de dia.