Somos uma espécie louca, auto-destrutiva e violenta. Somos também uma espécie sensata, amante da vida e pacífica. Gostamos de espezinhar os outros e gostamos de os ajudar. Vemo-nos mais do que somos, esquecendo a nossa absoluta e intrínseca dependência do mundo que tão avidamente procuramos destruir. Tenho pensado nisto diariamente, com cada vez mais força, desespero, sei lá bem o que é. Penso que gostaria de mudar as coisas enquanto me vejo a ser puxado por elas. Vejo-me interventivo no sofá e passivo na acção. Vejo-me um reflexo dos outros. E é assim mesmo que somos, um reflexo dos outros: por isso me preocupo tanto e tantas vezes com maior preocupação.
Gostava que os pós de poesia e pintura e arte em geral fossem potenciais curas para as doenças de que padecemos. Gostava que todos tivessem educação e conhecimento, que todos a recebessem com gosto e gratificação. Gostava de não ter idiotas perigosos e absolutamente ridículos a serem eleitos e cegamente apoiados por outros idiotas. Preocupa-me esta epidemia da idiotia. Gostava de tanta coisa mas sei que querer tudo isto que até agora referi é impossível. Resta-me reduzir os meus quereres, fintar essas impossibilidades, rematar forte para um golo de possibilidades finitas.
O dinheiro manda muito. A pior invenção de sempre da humanidade manda muito e manda tudo isto às urtigas. Vejo os meus amigos e conhecidos a terem mais e mais filhos. Preocupa-me o futuro deles. Parece-me irresponsável meter mais bocas num mundo insustentável e cada vez mais insubsistente. Tudo estava bem até aparecermos nós. Agora que cá estamos, por favor, façam por melhorar as coisas (se bem que não piorarem as coisas já seria fantástico)!
todo o blogue é composto de mudança
Há 14 anos
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