Leva meu rosto numa canção escura,
engastada no vinho cobiçado
por temerosa ser sua fundura.
De que me serve essa porção de terra,
esse mapa de abismos e veredas
onde o que sou se encerra?
Rompe meu sangue ferido na passagem
de quem não se deteve,
não foi sombra nem viagem.
Não acicates o fatigado fogo
que madruga nas letras
com que olhando interrogo.
Distante, alguém espera
que quanto vou de mim abandonando
seja seta que aviva e reverbera.
José Bento (1932)
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Há 14 anos
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