domingo, abril 16, 2006

Instante

Enquanto falava, lentamente, perdia-me na linha ondulada do seu pescoço. Sem perder fio à meada, acariciava-a com o olhar, compulsivamente largado à mercê da luz da lua.
Inspirava profundamente ao acabar as suas frases. Sentia-se bem. Estava a deixar-se pelo seu íntimo fora. Eu ajudava-a com um rasar suave da mão pela têmpora. Há muito tempo que não o fazia, por isso a têmpora seria território suficientemente neutro e, em simultâneo, receptivo. Não me prolonguei muito em tocá-la.
Ainda hoje continuo a sentir.