sexta-feira, dezembro 09, 2005

Cansaço

Resolvi testar o cansaço de uma maneira diferente.
Tudo é ameaçado, limitado, influenciado e até extrapolado pelo cansaço. Ir dormir, a duração de uma queca, a vontade de te divertires, a altura de deixar o tédio, o emprego, as dores, o amor.
Resolvi testar o cansaço com a indiferença. Olhá-lo nos meus olhos e rir-me. Levá-lo aos limites, extenuá-lo extenuando-me.
Disseram-me, um dia que, para saber desenhar bem devia saber traçar uma linha recta perfeita. E nunca me cansei para a desenhar. Nunca me dei ao cansaço.
Há quem nunca se canse de se cansar, quem nunca se canse de dizer que está cansado, quem nunca na vida toda se cansou, quem nunca na vida toda não se cansou. Eu estou assim. Tudo num só.
Há quem se canse de falar e que, por isso, se cale. Só assim, porque sim, sem mais nem senão ou porque. Talvez um dia me canse de escrever. Ou de o não fazer.
Nunca me dei ao cansaço de o saber.

6 comentários:

CC disse...

"...Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. Íssimo,
Cansaço..."

Álvaro de Campos

Sereia disse...

Eu não me canso de ler estas palavras!

Anónimo disse...

As palavras do Pessoa foram ditas de modo eterno.

pisconight disse...

Li tudo e não estou cansado...
;)

Anónimo disse...

Cansada, do cansaço de estar cansada ....
gostei !!!!!

Anónimo disse...

Descansa que esse cansaço não durará para sempre, Nelita!