segunda-feira, outubro 24, 2005

Vida tipificada

1.A emoção voltou na descoberta de fazer coisas sózinho. E com os dias mais curtos, intensifica-se essa sensação estranha - para a qual, devo dizer, não sabia estar tão mal preparado. Sempre partilhei quase tudo da minha vida. Agora começo a partilhar mais comigo.
Este mês marcou, em estreia absoluta, a primeira ida solitária ao cinema. É, de facto, muito mais intimista a experiência. Sabe bem. Andar em redescobertas tem um vasto campo de vantagens e não anula a vontade da partilha mas...parece que a fase bicho-de-seda-construindo-um-mini-casulo está aqui para se solidificar.

2.Acordo todos os dias com uma sensação estranha. Ainda que o hábito de fumar contribua bastante para isso, não lhe posso atribuir todas as culpas. Estou cansado (viva, camarada Janita!), cansado disto tudo. O revisionismo existencial põe muita coisa em causa, as faltas fazem mais falta do que seria de se prever.

3.Os dias mais curtos andam a mexer comigo. Reflectem-se na minha perspectiva de vida.

4.Sinto falta de uma boa hora de gargalhadas, descomplexadas, despreocupadas, desenxabidas.

5.Quero mais do que aquilo que me oferecem!

7 comentários:

IlCruFantastico disse...

queres, queres... mas dás? (v.)

Zozô disse...

Obrigada pela visita e comentário simpático lá no cantinho da APA. :)
Bjnhs!

Joana disse...

bem, também ando há uns tempos para tentar a ida solitária ao cinema... mas não sei, parece-me uma coisa tão solitária... é como quando vemos alguém a jantar sózinho...

Gosto destes momentos de pausa em que fazemos um ponto da situação. O Outono é óptimo para isso - sempre gostei das cores desta estação... E para umas boas gargalhadas, que tal fazer caretas em frente ao espelho? Eu e a minha irmã fazemos maratonas disso...

Anónimo disse...

pois, compreendo!
Talvez seja o enquadramento que esteja mal.
Brisas frias de Outono rimam com Big Bands em alto som no rádio do carro pelas ruas da cidade iluminada com neons, ou canções de jazz sobre relações de amores fingidos com sétimas e nonas com fartura, mais quentes do que um tronco de carvalho aceso numa lareira de consoada

Anónimo disse...

O Outono é assim, e sorte temos nós em morar numa zona geográfica que tem as quatro estações para que quando chegue a Primavera possamos dizer que estamos contentes com as flores e as abelhinhas e etc. Os outros, ou escrevem sempre sobre a chuva ou sobre o sol, que monotonia, não achas?

kanuthya disse...

Durante muito tempo ia ao velho Gil Vicente só, mas acabou por ser muito engraçado, pois no fim todos já nos reconhecíamos, o que não é difícil, eramos sempre os mesmos com ar de freak nos ciclos do cine alternativo, e acabavamos por trocar acenos de cabeça e sorrisos.

DJ Nunes disse...

5a avenida, temos muita sorte com o que temos, apesar de podermos (e devermos) almejar sempre mais.