quinta-feira, novembro 17, 2005

Pérolas em pingos

Nesta eminência da chuva toda a gente passa a fugir, a correr, a temer. Escapam de um cinzento azulado, sem saberem que com elas levam o cinzento mais acizentado dos seus olhos tristes. Dos olhos cansados.
É como um vírus que se pega às vezes e ao qual apenas alguns são imunes. Aqueles que se atrevem a rir e que se escapulem tão bravamente das balas censuradoras dos olhos cinzentos. São pessoas que não andam cansadas. Que podem andar só por andar, sem correr, sem nada temer do tempo lá em cima das suas cabeças.
A chuva não cai.
Não há arco-íris.
As conversas do dia-a-dia.
Os insultos casuais de quem andou demais sem saber porquê. Apenas por ter de ser.
A psicose do atraso.
Chegar atrasado à nossa própria vida?
Há sempre um passo a mais a caminho de um amanhã diferente.
Haverá vontade de um céu azul amanhã?

6 comentários:

Anónimo disse...

Ainda para mais, para que cheguemos atrasados à nossa própria vida, temos, primeiro, que saber qual o caminho que devemos tomar... As bússolas andam avariadas... Talvez nos reste a leitura das estrelas. Encomenda, por favor, um céu azul para amanhã!

Anónimo disse...

Bom, a única coisa que tenho para dizer é que mais vale um minuto da vida do que a vida num minuto!

Anónimo disse...

Anonymous, também conheço a versão ordinária desse lema...

Bino disse...

Este post é triste, o que contrasta com o resto do blog que em geral é bem disposto e risonho.
Seja como for, gostei do blog da balta.
Obrigado pelo link.

Anónimo disse...

Ilustre Bino, bem-vindo sejas a esta humilde cubata.

Joana disse...

O Tempo é uma imposição do todo sobre a parte. O nosso caminho é feito ao nosso tempo, como tal, é um destino sem atrasos - tipo: quando chegar, cheguei...

J