sexta-feira, julho 08, 2005

YES!

O jornal New York Times agradeceu ontem à sua jornalista Judith Miller por "ter aceite" cumprir uma pena de prisão, em vez de revelar à justiça as suas fontes de informação confidenciais, em nome da liberdade de Imprensa e do direito de informar.

"Ao aceitar a sentença, Miller submete-se à autoridade da justiça. Mas agiu na grande tradição de desobediência civil que começou com a fundação deste país", afirma o editorial do New York Times.

O jornal nova-iorquino acrescenta "O que está em jogo é o controle do Governo pelos seus cidadãos no quadro da democracia."

O diário americano sublinha também que Judith Miller foi presa sem ter revelado em nenhum artigo a identidade de uma agente secreta da CIA, Valerie Plame. Essa revelação é um crime federal nos Estados Unidos.

O New York Times critica ainda a atitude do editorialista Robert Novak, autor da revelação, por não ter "oferecido nenhum apoio" à jornalista que "é presa enquanto ele continua em liberdade".

Robert Novak recusa-se a confirmar se colaborou ou não com o procurador Patrick Fitzgerald que dirige a investigação sobre o caso. Apenas afirma que só falará quando o processo estiver concluído.

O caso começou em 6 de Julho de 2003 numa crónica, publicada no New York Times, do antigo embaixador Joseph Wilson, marido de Valerie Plame. Este especialista em África foi à Nigéria em 2002, a pedido da CIA, para investigar se existia um eventual tráfico nuclear com o Iraque. Wilson acusava nesse artigo a administração de George W. Bush de manipular a informação, sobre a alegada tentativa de Saddam Hussein de comprar urânio para fabricar bombas atómicas, "para exagerar a ameaça iraquiana".

Uma semana depois, Novak minimizava as acusações de Wilson, também num artigo publicado no jornal, e deixava entender, citando "dois altos responsáveis da administração" anónimos, que o embaixador devia à sua missão na Nigéria à mulher, agente da CIA, revelando assim a identidade de Valerie Plame.

Wilson garantiu que a fuga de informação sobre a actividade da sua mulher foi uma represália da Casa Branca.

Entretanto, Matthew Cooper, da revista Time, fez alusão ao casal Wilson-Plame alguns dias depois.

Matthew Cooper resolveu testemunhar neste caso depois de a sua fonte ter concordado em quebrar a confidencialidade. Por esse motivo Cooper não foi preso.

De acordo com a edição de ontem do New York Times, na quarta-feira os advogados de Cooper e Karl Rove - suspeito de ser uma das fontes anónimas -, estiveram reunidos antes de o repórter ter decidido testemunhar.

Robert Luskin, advogado de Karl Rove, assegurou à revista Newsweek, que o seu cliente "nunca divulgou intencionalmente informações secretas classificadas", nem disse "a um jornalista que Valerie Plame trabalhava para a CIA".

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