terça-feira, agosto 02, 2005

Vinho Branco de Patras


Tenho estado a passar um texto que, a cada linha, recorda o meu bom amigo Zé Luís (isto também serve para veres que dedico coisas a ti, grande criador dos mais fantásticos super-heróis nacionais, como Tóni Bananole ou o Super-Gelado Flito, só para citar assim alguns de cabeça)! Entitula-se Um Adeus aos Deuses, e é da autoria de Ruben A.! Não posso dizer, de coração, que este seja o meu autor de predilecção, que não é! Este seu trabalho, porém, quase dá vontade de arrumar a trouxa e partir para a ancestral Grécia.
Deixo aqui um excerto para abrir o apetite..."Não sei a origem da frase portuguesa que corre mundo e está sempre presente numa situação encrencada. «Vi-me grego» para sair da enrascada em que estava metido. «Vi-me grego» é uma frase sublime de interpretação pois presta-se a invocações laicas do mais requintado agnosticismo. É possível que se duvide da minha interpretação, mas é preciso vir à Grécia para uma pessoa se ver grega, no sentido da maravilha, no gosto da coisa criada para admirar. «Vi-me grego» para responder, quer dizer, puxei de todos os meus recursos de inteligência a fim de conseguir argumentar um caso desesperado. É assim que eu o entendo. A maior sublimação de um homem cá das bandas atlânticas é ver-se grego, saber bem o que perpetua um tipo de aflição em que se tem de deitar unhas a todos os argumentos, a todos os factos."
E sim, também tem despertado, lentamente, o bichinho de escritor que em mim há (como em todos nós, julgo eu). Quem sabe estarei a relatar, num futuro quiçá próximo, as minhas peripécias e aventuras numa qualquer terra esquecida ou aquecida do Mundo. O impossível é inadmissível, será esse o meu lema de ora em diante. Tenho de ser cuidadoso na escolha. A Mongólia já pertence, por direito onírico, ao jovem Serpa. Lembro-me de o imaginar a montar o seu alazão, cabelos desgrenhados ao vento, em direcção à tenda onde o seu desejo o aguardava. Cavalgadas passadas, penso. Mas ainda assim o direito a essas terras é dele, por antiguidade. A Irlanda e parte do Velho Continente pertencem já a outros amigos ou amigas ou algo menos claro na distinção dessas categorias. Começo a pensar noutras paragens...Quer-me parecer que este Verão dará cabo de mim... Este Verão, tempo das grandes abertas. O Sol abrasador fustigando as ruas desertas. Para qualquer lado que se olhe, a vastidão do nada. A cidade, semi-abandonada, é apenas refúgio de uns quantos que não puderam ou não quiseram sair e que agora se abrigam do calor, da luz, da vista, da lamentação do arrastar dos dias para nada...ou simplesmente para o Inverno dos dias. O Verão é vida. O Verão é nada.

1 comentário:

Anónimo disse...

Délio meu amigo um pouco arredado como tenho andado da blogosfera (fica sempre bem dizer que se andou uns dias longe da blogosfera, parece que se voltou da patagónia) só agora li este teu post. Apesar da interessante interpretação do sr. A, qualquer português amante da Hélade fica com os cabelos em pé depois de ouvir essa frase 372 000 vezes, sempre seguida do sorrisinho de quema cabou de inventar a maior graçola do mundo. Quanto ao destino longínquo que te cabe, aí está comida para o pensamento, mas uma coisa te digo: seja lá qual for será de primeira categoria pois tu mereces... Eu cá diria Austrália, assim numa resposta instintiva! Abraços camarada!